Deputado do Maranhão critica Lula pela aliança com Sarney e afirma ser ‘doído’ abandonar a legenda
Evandro Éboli (O Globo)
Um
dos fundadores do PT, o deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), em
suas palavras, está de malas prontas para deixar a legenda. Opositor
ferrenho da família Sarney no Maranhão, Dutra não aceitou a aproximação
do seu partido com o PMDB local. O parlamentar deve filiar-se a legenda
que está sendo criada pela ex-ministra e ex-senadora Marina Silva, que
faz ato neste sábado lançando as bases de seu partido. Dutra participa
na tarde desta sexta dos preparativos desse encontro. Fala como um
filiado da nova legenda, que ainda precisa ser aprovado pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Até lá, Dutra diz que a única hipótese de
continuar no PT seria o rompimento de seu partido com o PMDB de José
Sarney. Algo pouco provável.
O petista
já comunicou a liderança de seu partido a sua provável desfiliação do
PT, ouviu pedidos para não fazê-lo, mas sua saída é dada como certa.
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Estou com 33 anos de PT. Dediquei 80% de minha vida útil a esse
partido. Comi o pão que o diabo amassou no Maranhão para ver Lula
presidente. E quando Lula chegou lá, vira amigo do Sarney e os
desgraçados somos nós – disse Domingos Dutra ao GLOBO.
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Não é fácil sair de um partido como PT, o de maior preferência
nacional, com tempo de TV, com apelo público e que está no governo.
Agora, aos 57 anos de vida, terei que começar tudo de novo. É doído. Só
que cheguei no limite de minha consciência. Não dá para continuar num
partido que o Sarney domina. É oportunismo e covardia permanecer – disse
Dutra, que não fechou todas as portas.
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Estou arrumando as malas, de malas prontas. Mas, como em toda
separação, as malas podem não sair de dentro de casa. Às vezes, pode ter
reconciliação. Mas, para isso, é preciso acabar a subordinação do PT ao
grupo de Sarney no Maranhão. O PT foi criado para defender os índios,
os quilombolas e meio ambiente, tudo que os Sarney são contra.
Domingos
Dutra participa do encontro dos apoiadores de Marina, neste sábado, na
condição de fundador do partido a ser criado. Caso, de fato, mude de
legenda, Dutra não perde o mandato. Pode-se mudar de legenda para
filiar-se a partido recém-criado.
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