Deu no Blog do Itevaldo, 13 de abril de 2012.
O
deputado governou o Maranhão por apenas dez dias, mas é investigado
pela Polícia Federal por suspeitas de envolvimento com uma rede de
prostituição
por Izabelle Torres
O deputado maranhense Marcos Caldas
(PRB) sempre foi um político com pouca expressão e sem prestígio entre
mandachuvas de seu Estado. Ao assumir a vice-presidência da Assembleia
Legislativa, no ano passado, ele também não se destacou nem apresentou
projetos relevantes. Apesar disso, uma sucessão de impedimentos dos
sucessores naturais da governadora Roseana Sarney o levou à cadeira de
governador do Maranhão por dez dias, enquanto a ocupante do posto
viajava para os Estados Unidos. O breve reinado de Caldas, porém, acaba
neste domingo 15. O tempo que passou no cargo serviu para que
inaugurasse obras em seus currais eleitorais e visitasse
correligionários usando helicóptero oficial. Os compromissos
eleitoreiros ofuscaram por alguns dias o real problema que o deputado
enfrenta desde o mês passado. Ele foi incluído nas investigações da
Polícia Federal sobre o assassinato de uma estudante no Piauí e virou
suspeito de envolvimento com uma rede de prostituição interestadual.
O nome de Marcos Caldas, conhecido como
Marcos Play, aparece em escutas telefônicas com amigas da jovem
Fernanda Lages, que morreu em agosto de 2011, jogada de uma altura de
26 metros de um prédio de Teresina. Uma delas é Nayara Veloso, que
promovia festas e encontros de figurões da política e empresários com
belas estudantes. Nayara foi presa acusada de esconder informações
relevantes para as investigações sobre o caso. Coincidentemente, quem
fez sua defesa foi o escritório de Ronaldo Ribeiro, um advogado do
Maranhão que é amigo pessoal de Marcos Caldas e costumava ir com ele ao
Piauí.
O deputado conhecia a jovem
assassinada, mas sempre negou aproximação. Mesmo assim, a PF, que
entrou no caso a pedido do governador do Piauí, Wilson Martins,
convocou o político para prestar depoimento. Como tem a prerrogativa de
escolher data e local, Caldas ainda não depôs. Fontes da PF afirmam que
o objetivo é esclarecer qual a relação do parlamentar com a vítima e
com suas amigas acusadas de promover e frequentar boates acompanhadas
de políticos. Caldas admite conhecer as garotas e participar de festas
em Teresina. Nega, no entanto, aproximação com elas. Inclusive com
Nayara, que, segundo as investigações, usava o carro oficial do
político para buscá-lo no aeroporto.
Conhecido pelo gosto por festas e
relações com garotas de programa, o governador interino do Maranhão
também carrega outras suspeitas no currículo, que tem mais a ver com
sua conduta na vida pessoal do que com corrupção política. Marcos
Caldas estaria num veículo que atropelou dois jovens em junho de 2011 e
não prestou socorro. Também teria atirado em um segurança. Como se vê,
Marcos Play, o breve, tem muito a explicar.
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