TÚNEL DO TEMPO: A CONSTRUÇÃO DA IGREJA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

Jornal GAZETA MATOENSE, nº 04, ano II, 10.04 a 10.05.1986

 

A CONSTRUÇÃO DA IGREJA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

Em 1894, chegava à então vila de São José dos Matões, o padre Luís Gonzaga de Sousa, proveniente da freguesia de São Benedito, da vizinha cidade de Caxias, e permaneceria na paróquia por um período de quatros anos, implantando entre a comunidade matoense os efeitos de sua visão progressista.

O seu primeiro passo foi construir um novo templo, que passou a servir de matriz, localizado na sede municipal; em Brejo de São Félix, que na época era município de Matões, reequipou a Igreja do Menino Deus, fazendo o mesmo com a capela de São José das Flores (atual Timon), além de outras obras ao longo da paróquia de Nossa Senhora da Conceição.

Passados quase cem anos, a mesma paróquia de São Benedito envia a Matões outro sacerdote, senhor de grandes méritos e possuidor de elevada moral cristã. Seu nome é Otacílio Laurindo dos Santos, natural do município maranhense de São Francisco, sacerdote católico formado em Fortaleza, onde foi aluno de D. Aluísio Lorchaider, cardeal arcebispo daquela capital; ex-capelão da Escola Naval, um dos mais tradicionais centros de formação militar da Marinha de Guerra, localizado no Estado do Rio de Janeiro; em Caxias, foi vigário da dita paróquia de São Benedito, de onde foi transferido para Matões.

Em Matões, o padre Otacílio tomou posse como vigário da freguesia a 17 de dezembro de 1983, em cerimônia presidida pelo bispo da Diocese, D. Jorge Tobias de Freitas, que na oportunidade se fez acompanhado do cônego José Mendes, seminaristas, membros do alto clero diocesano, além de diversas personalidades políticas e empresariais de Caxias, como o médico Humberto Coutinho, e de Matões, como o prefeito Alcino Pereira da Silva, entre outras personalidades que se juntaram à grande multidão que assistia à solenidade.

A primeira grande preocupação do padre Otacílio Laurindo dos Santos voltou-se para a edificação da igreja do Divino Espírito Santo, uma vez que este é considerado o maior festejo da comunidade católica matoense que, em agosto de todos os anos, atrai a vinda de milhares de fiéis do interior do município e paróquias adjacentes.

Mas o maior problema era justamente a falta de recursos, dos quais a paróquia é desprovida. Vendo isto, o padre Otacílio organizou uma campanha de arrecadação monetária por meio dos próprios festejos, tendo como doador a boa fé de seus paroquianos, que prazerosamente colaboraram. O que é certo, porém, é que tais doações e recursos doados à parte totalizaram apenas 20% do necessário para a construção do templo.

Foi aí que o padre de Matões resolveu recorrer ao Adveniat, um órgão da igreja da Alemanha Ocidental, que se destina à ajuda às igrejas dos países do terceiro mundo. Para alegria dos matoenses o pedido do padre Otacílio foi atendido, o que implica dizer que os alemães enviaram os 80% dos recursos financeiros que faltavam.

Imediatamente a comunidade foi consultada a respeito do local onde se construiria a igreja, e após ouvidas várias opiniões, ficou estabelecido que a área adequada seria o Alto da Seriema, posteriormente doada pela Prefeitura Municipal.

Em meados do ano passado os pedreiros davam início à obra de construção, e nos dias atuais já se tem quase concluído o templo, edificado por materiais de primeira qualidade, uma finíssima obra de engenharia, que dá boas impressões àqueles que a visitam, isto sem referência ao acabamento que ainda estar por terminar.

Segundo padre Otacílio, a data de entrega será no dia 6 de agosto do corrente ano e a inauguração se realizará a 10 do mesmo mês, oportunidade que se farão presentes o bispo D. Jorge Tobias de Freitas e párocos da Diocese, assim como o padre Messias Laurindo dos Santos, irmão do nosso vigário, que exerce o sacerdócio em Pernambuco.

     E a história que se confunde através dos anos. Quase um século depois o destino nos envia um padre com ideais idênticos aos de um outro colega seu, ambos pertencentes a gerações diferentes, mas que na verdade há uma associação íntima e comum entre os seus intentos, qual seja o de servir à paróquia, acendendo entre nós a chama do progresso apagada pelos tempos.